Flores de Inverno

Tekst
Loe katkendit
Märgi loetuks
Kuidas lugeda raamatut pärast ostmist
Flores de Inverno
Šrift:Väiksem АаSuurem Aa


© Editora Gato-Bravo, 2021

Não é permitida a reprodução total ou parcial deste livro nem o seu registo em sistema informático, transmissão mediante qualquer forma, meio ou suporte, sem autorização prévia e por escrito dos proprietários do registo do copyright.

editor Marcel Lopes

coordenação editorial Paula Cajaty

revisão Margarida Fontes

projecto gráfico Bookxpress

imagem da capa AdobeStock

Título

Flores de inverno

Autor

Filipa Amaral

e-isbn 978-989-9069-022

1a edição: Julho, 2021

gato·bravo

rua de Xabregas 12, lote A, 276-289

1900-440 Lisboa, Portugal

tel. [+351] 308 803 682

editoragatobravo@gmail.com

editoragatobravo.pt

A quem tocou o meu coração, sabem quem são.

A todos que amam e sabem ouvir a música nas palavras.

Sumário

I

II

III

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

XI

XII

XIII

XIV

XV

XVI

XVII

XVIII

XIX

XX

XXI

XXII

XXIII

XXIV

XXV

XXVI

XXVII

XXVIII

XXIX

XXX

XXXI

XXXII

XXXIII

XXXIV

XXXV

XXXVI

XXXVII

XXXVIII

XXXIX

XL

XLI

XLII

XLIII

XLIV

XLV

XLVI

XLVII

XLVIII

XLIX

L

LI

LII

LIII

LIV

LV

LVI

LVII

LVIII

LIX

LX

LXI

LXII

LXIII

LXIV

LXV

LXVI

LXVII

LXVIII

LXIX

LXX

LXXI

LXXII

LXXIII

LXXIV

LXXV

LXXVI

Sobre a autora

I

Desde sempre a pergunta por fazer, o alçar do véu, iluminar a alma com verdade, suportando corajosamente a consequência

— desde agora —

Desde sempre o abraço ao raio de luz, o calor da certeza, a transparência invés da máscara baça, da dissimulação profícua

Desde sempre o ímpeto da audácia, recuando perante brejos sujos tantas vezes fingidos de lagos celestiais, onde só o faro que o tempo apura, desvenda o fundo putrefacto

— desde agora —

Desde sempre a inocência, o fervor da espontaneidade, o voo e sabor de ar respirável longe de vermes e coisas mortas

Desde sempre o sorriso crescente, o olhar generoso, os sabores das estações em ciclo harmónico

Desde sempre a discreta lágrima rolada na carnação suave, tão oposta aos ásperos desprazimentos e desenganos

— desde agora —

II

Parece-me que o mundo cada vez mais venera o gesto e a palavra em gatilho-anzol de interesse, esquece logo o que não convém, num trôpego atropelar de vaidades.

E são já tantos os tronos similares em insolência e altivez que enfada de verdade o olhar claro, sequioso de vistas únicas.

III

Que faço aqui?

Ainda não descobri.

Tanto para ser, sentir, saber.

As minhas âncoras são balões.

O que me prende e me faz perder

É

O que também me faz sonhar e entender

Que assim sou:

Livre, dentro de um labirinto.

IV

Quando andamos à procura de respostas, lá vem a vida e muda-nos as perguntas.

O

[in]constante

[im]previsto

[im]previsível.

V

Pedra dura versus efémera flor

A pedra ganha e esmaga sempre mas não sabe que a flor ganhou primeiro.

A flor abriu-se ao sol, dançou na brisa,

Perfumou e doou anónima cor ao mundo,

Enfeitou cabelos, deleitou sorrisos, poetizou amores, trouxe Primaveras.

VI

O Homem-Carvoeiro, o comboio a vapor: foram cerca de 480 meses, 14.600 dias, 116.800 horas de suor e fagulhas, de ardor constante e fuligem negra, de cansaços e dores silenciadas, de uma vida dedicada a enterrar pás na massa negra incandescente alimentícia para que os vorazes e serpentinos-vagões pudessem assim desfilar terra adentro no seu tchuck - tchuck - tchuck - tchuck -tchuck - tchuck constante.

 

Um Homem de que já ninguém sequer se lembra, de que ninguém ouviu falar, de que não restou nem uma única fotografia para olhar o seu rosto sulcado e cansado, para olharmos a face deste Homem que tanto labutou, que anonimamente sonhou em cinzas.