Loe raamatut: «Alerta Vermelho: Confronto Letal », lehekülg 17

Font:

“Walter, eu sei que é uma pergunta estranha, mas por acaso não tem um telemóvel extra que nunca tenha usado?”

Brenna assentiu. “Tenho cinco ou seis telefones pré-pagos. Tenho-os à mão para o caso de querer fazer chamadas rápidas que não podem ser monitorizadas em tempo real. Uso-o uma vez e depois destruo-o.”

Este tipo era um verdadeiro achado. “É um pouco paranóico, não é?” Perguntou Luke.

Brenna encolheu os ombros. “E pode censurar-me?”

Luke atendeu a chamada. “Ed? Tens o meu amigo contigo? Ótimo. Ligo-te já de seguida.”

CAPÍTULO 50

1:43

Gabinete do Médico-Legista Principal – Washington, D.C.

Ashwal Nadoori desligou o telefone.

Sentou-se pensativamente à secretária durante um momento. Um corpulento homem negro estava sentado à sua frente numa cadeira de rodas. A mera visão do homem e o tipo de homem que era, trazia a Ashwal recordações dolorosas.

“Ele disse-lhe o que queria?” Perguntou o homem.

Ashwal assentiu. “Quer um cadáver, de preferência intacto. Uma mulher com quarenta e muitos anos, cabelo louro.Alguém que parecesse saudável antes de morrer.”

“E consegue arranjar isso?”

Ashwal encolheu os ombros. “Este lugar é enorme. Temos muitos, muitos corpos. Tenho a certeza de que conseguimos encontrar um que corresponda a essa descrição.”

A dada altura, numa outra vida, Aswal tinha sido médico. Aqui na América, não aceitavam a sua educação iraquiana por isso, era apenas um médico assistente. Trabalhava nesta morgue gigantesca a tratar dos corpos, a auxiliar nas autópsias, a fazer tudo o que lhe solicitassem. Podia ser um trabalho desagradável, mas também era pacífico.

As pessoas já estavam mortas. Não havia luta pela vida. Não havia dor e não havia o medo de morrer. O pior que podia acontecer, já tinha acontecido. Não havia a necessidade de o impedir e não havia a necessidade de fingir que não era uma conclusão inevitável.

Ashwal sentiu o estômago revirar-se. Roubar um cadáver colocaria o seu trabalho em risco. Era um trabalho decente. Ele era frugal e o que ganhava era mais do que suficiente para pagar as contas. Vivia numa casa modesta com as duas filhas. Nada lhes faltava. Seria terrível perder aquilo que tinham.

Mas que escolha tinha? Ashwal era Bahá’í. Era uma religião maravilhosa, uma religião de paz, unidade e de desejo de descoberta de Deus. Ashwal amava a sua religião. Gostava de tudo nela. Mas muitos muçulmanos não gostavam. Julgavam que Bahá’í era uma apostasia, uma heresia. Muitos até consideravam que devia ser punida com a morte.

Quando ainda era criança, a família abandonara o Irão para fugir à perseguição movida aos Bahá’í naquele país. Foram para o Iraque que na altura era uma nação inimiga do Irão. O Iraque era governado por um louco mas que deixou os Bahá’í em paz. Ashwal cresceu, estudou com afinco, tornou-se médico e usufruiu dos frutos e privilégios dessa vocação. Mas então o louco que estava no poder foi derrubado e de repente já não era seguro ser Bahá’í.

Uma noite, vieram os extremistas islâmicos e levaram a mulher de Ashwal. Talvez alguns deles já tivessem sido seus pacientes ou vizinhos. Não importava. Nunca mais a voltou a ver. Mesmo agora, uma década mais tarde, não se atrevia a pensar no seu rosto ou no seu nome. Pensava nela simplesmente como “mulher” e o resto permanecia bloqueado. Não suportava pensar nela.

Não suportava pensar que quando ela foi levada, não havia ninguém a quem pudesse recorrer. A sociedade já não funcionava. As piores tendências estavam à solta. As pessoas riam ou olhavam para o lado quando ele passava na rua.

Duas semanas mais tarde, de noite, voltou outro grupo de doze homens. Estes eram diferentes, não lhe eram familiares. Usavam capuzes negros. Levaram-no e às filhas para o deserto nas traseiras de uma pickup. Os três marcharam na direção da areia. Forçaram-nos a ajoelhar-se à beira de uma trincheira. As meninas choravam. Ashwal não conseguia chorar. Não conseguia confortá-las. Estava demasiado entorpecido. De certa forma, quase agradecia o que estava prestes a acontecer, o alívio que lhe traria.

De repente, ouviram-se tiros de armas automáticas.

A princípio, Ashwal pensou que estava morto. Mas estava enganado. Um dos homens estava a matar todos os outros. Matou-os a todos. Demorou menos de dez segundos. O som era ensurdecedor. Quando tudo acabou, três dos homens ainda estavam vivos, a rastejar, tentando fugir. O homem dirigiu-se calmamente na direção de cada um deles e deu-lhes um tiro na nuca com a pistola. Ashwal encolheu-se a cada tiro.

O homem tirou o capuz. Era um homem com a barba comprida dos mujahideen. A pele estava escurecida pelo sol do deserto, mas o cabelo era leve, quase louro como um ocidental. Dirigiu-se a Ashwal e estendeu-lhe a mão.

“Levante-se,” Disse. A voz era firme. Não transparecia qualquer compaixão. Era a voz de um homem habituado a dar ordens.

“Venha comigo se quer viver.”

O nome do homem era Luke Stone. O mesmo homem que acabara de instruir Ashwal para roubar um cadáver. Não havia escolha possível. Ashwal nem perguntou por que o queria. Luke Stone salvara-lhe a vida e a vida das suas filhas. E as suas vidas eram mais importantes do que qualquer trabalho.

A última coisa que Luke Stone dissera ao telefone decidira-o, caso ainda tivesse dúvidas.

“Levaram a minha família,” Disse.

Ashwal olhou para o homem negro na cadeira de rodas. “Vamos até lá atrás ver o que conseguimos encontrar?”

CAPÍTULO 51

1:50

Bowie, Maryland – Subúrbio Oriental de Washington, D.C.

Um comboio de veículos tinha atravessado a noite até ali chegar.

Estavam naquele local mais de uma dúzia de veículos, sobretudo Jeeps e SUVs, todos pretos, sem qualquer tipo de identificação. O último era uma espécie de carro celular, à mão para o caso improvável de se fazerem prisioneiros. Os veículos estavam tranquilamente estacionados a dois quarteirões da casa. O bairro era um cul-de-sac suburbano. Pelo menos nas ruas apenas havia uma entrada ou uma saída. Duas SUVs estavam estacionados de frente uma para a outra na entrada.

Entretanto, uma equipa de assalto composta por vinte homens aproximou-se da casa.

Oito homens aproximaram-se da frente, e cinco de cada um dos lados. Dois homens, os líderes da equipa, esperaram, ajoelhados atrás dos carros estacionados a meio quarteirão de distância. Usariam o local como um posto de comando. Todos os homens usavam fatos de Kevlar e capacetes. Todos os capacetes tinham rádios incorporados.

Os oito homens atravessaram silenciosamente a frente da garagem. O homem que seguia à frente segurava num aríete de aço de catorze quilos que deveria rebentar a porta da frente com um ou dois encontrões. Depois disso, cada homem tinha uma granada de flashbang. Cada homem tinha uma shotgun. O plano era rebentar a porta da frente e depois atirar as flashbangs para dentro da casa. Se a equipa tivesse sorte, as explosões e luzes neutralizariam os sujeitos ou fá-los-iam sair a correr da casa onde a restante equipa de assalto os apanharia facilmente.

O terceiro homem na linha, um tipo jovem chamado Rafer, limpou o suor dos olhos. Estava nervoso, verdade seja dita.

Fora acometido por uma sensação estranha nas vísceras, uma sensação de afrouxamento como aquela que tinha antes de ir para um combate a incêndio. Podia sujar as calças facilmente. Sorriu. Vísceras soltas eram o seu amuleto da sorte. Três comissões no Iraque e no Afeganistão e nunca tinha sido sequer arranhado em combate.

Pára. Atenção.

Voltou ao momento presente. A linha de homens colocou-se contra a porta da garagem. As escadas da frente estavam poucos metros à frente. Tinham que ser rápidos. Imaginou tudo na sua mente. BAM! A porta a cair e eles a atirar as flashbangs. A sua seria a segunda. Cair, esperar pelas explosões e depois entrar a correr.

Algures perto, ouviu-se um som.

Era um som abafado, mas parecia o motor de um carro. E parecia vir do outro lado da porta da garagem.

O homem à sua frente olhou para trás para Rafer. Os olhos dilataram-se. Ambos se voltaram e olharam para a porta.

***

Luke estava ao volante da Suburban dentro da garagem fechada de Walter Brenna. Brenna estava sentado a seu lado. No banco de trás estavam Susan Hopkins e Charles Berg. Brenna tinha consigo a sua M1 sobre os joelhos. Chuck tinha uma Beretta de nove milímetros. Susan não tinha nada. Luke era como o pai que conduz e eles a sua pequena família.

As mãos seguraram no volante com força. O silêncio era quase absoluto dentro da SUV. No canto da garagem estava um pequeno ecrã de vídeo que mostrava o que se estava a passar no exterior. Estavam ali homens equipados como uma equipa SWAT. Luke não fazia ideia de quem eram ou o que pensavam representar.

Saberiam que tinha havido um golpe? Saberiam que a verdadeira Presidente estava ali? Talvez pensassem que iam abater alguns terroristas.

Abanou a cabeça. Não importava. Estavam prestes a entrar na casa e isso significava que estavam do outro lado da barricada.

“Não vão estar à espera disto,” Disse num sussurro. “Temos a iniciativa. Mas não vai durar muito.”

“Planeia matar aqueles homens?” Perguntou Susan.

“Sim.”

Rodou a chave na ignição e o motor rugiu. Agora, não havia volta a dar.

Meteu a mudança e respirou fundo.

“Prontos?”

“É um carro muito pesado,” Disse Brenna. “Tem que acelerar.”

Luke pisou fundo no acelerador.

Os pneus guincharam no chão de cimento da garagem e a SUV impulsionou-se para a frente embatendo contra a porta, derrubando-a, partindo-a em mil pedaços. A SUV irrompeu na noite. Passaram por cima de qualquer coisa, bocados da porta, lombas, homens, Luke não sabia ao certo e não queria saber.

À esquerda e à direita, homens de preto corriam.

Virou à esquerda, nunca tirando o pé do acelerador. Homens agacharam-se e dispararam, trespassando a parte lateral do carro com balas.

DUH-DUH-DUH-DUH-DUH…

Susan gritava.

“Susan!” Pediu Luke. “Baixe a cabeça no colo do Chuck. Não sabemos quanto tempo vão durar essas janelas. Não quero que esteja perto delas quando se estilhaçarem.”

A SUV ganhou velocidade. Luke sentia a aceleração.

Dois quarteirões mais à frente, duas SUV pretas estavam estacionadas de frente uma para a outra no meio da rua. Homens prepararam-se atrás delas. Luke viu os flashes das suas armas. Já estavam a disparar.

“Para onde, Walter?”

“Sempre em frente. É a única saída.”

“Acho que vamos descobrir de seguida quão à prova de bala são estes vidros.”

Luke pisou no acelerador a fundo outra vez. Viu as carrinhas estacionadas a aproximarem-se cada vez mais. Cada vez mais perto. Uma dúzia de homens vestidos de preto dispararam as suas armas. As balas bombardeavam o para-brisas como vespas.

Dois homens debruçaram-se sobre os capôs das SUVs ainda a disparar.

“Aqui vamos nós!”

BOOM!

A Suburban colidiu entre as duas SUVs, metal com metal. Explodiu no meio delas, fazendo-as girar, derrubando-as como brinquedos. Os dois atiradores ficaram por baixo delas e foram esmagados.

A Suburban mal abrandou.

Luke acelerou a fundo novamente. O carro impulsionou-se para a frente, ganhando velocidade.

Uma explosão de disparos atingiu o para-brisas traseiro. Susan gritou novamente, mas não tão alto desta vez. Depois estavam fora de alcance, circulando a alta velocidade. Luke olhou pelo espelho retrovisor. Viu homens a correr e a entrar em SUVs.

“Ok,” Disse Luke. “Até agora tudo bem. Onde é a entrada para a autoestrada?”

“Mais à frente,” Informou Walter. Um quilómetro e meio à direita.”

O carro atravessou a cidade silenciosa. Luke mal abrandou na entrada para a autoestrada, fazendo a curva apertada com dificuldade. Entraram em quatro faixas vazias, dirigindo-se para oeste em direção à cidade.

O carro ainda estava a ganhar velocidade. O visor atingiu os 80, depois 90 e depois 100. Luke fez as curvas da estrada sem qualquer esforço. Abraçou a velocidade, a excitação.Por um momento, sorriu. A Suburban tinha explodido por entre eles.

Atrás deles, os primeiros veículos de perseguição surgiram. Luke podia ver os faróis no espelho retrovisor. Conseguiria fugir-lhes neste carro? Era difícil.

Forçou ainda mais o carro. Agora atingira os 120.

130.

No carro, todos estavam silenciosos. Ninguém aplaudia. Ninguém dava gritos de guerra. Ainda não tinham ganho nada, nem estavam perto disso e todos o compreendiam.

À sua frente, carros faziam sinais e encostavam à berma. Luke olhou novamente pelo espelho retrovisor. Agora via luzes vermelhas e azuis a cintilar, e a aproximarem-se rapidamente.

“Estamos prestes a ter muita companhia,” Avisou.

Atrás deles, os veículos de perseguição aproximavam-se. Passaram uma rampa de entrada. Mais três SUVs pretas entraram na autoestrada em sua perseguição. A cento e oitenta metros à frente, duas tinham abrandado quase até pararem. As luzes de travagem iluminaram-se na escuridão.

“Stone!” Disse Chuck Berg. “Vão-nos ensanduichar.”

“Estou a ver.”

Susan ergueu a cabeça. “O que aconteceria,” Aventou, “se desistíssemos?”

“Matavam-nos,” Respondeu Brenna.

“Temos a certeza de que isso aconteceria? Quero dizer, isto é uma loucura. Se me virem aqui, vão limitar-se a matar-me?”

Brenna encolheu os ombros. “Quer descobrir?”

De vez em quando passavam em reentrâncias de inversão de marcha onde os polícias estatais geralmente estacionavam para controlar o tráfego com radares ou para simplesmente virarem e mudarem de direção. Estavam quase a passar por outra.

Uma SUV encostou à esquerda de Luke. Um homem armado debruçou-se numa janela das traseiras.

“Baixem-se!” Gritou Luke.

O homem disparou para as traseiras da Suburban. A parte lateral foi bombardeada com disparos. Susan gritou. O vidro traseiro ficou amassado mas não partiu. Luke virou o volante com força para a esquerda. O carro atingiu a SUV preta e arrastou-a para a berma de betão. O carro sacudiu-se, os pneus guincharam e capotou. A Suburban continuou a sua marcha.

Luke olhou para trás. “Susan, disse-lhe para manter a cabeça sempre baixa. Eles não querem saber de nós. Estão a disparar contra si. Preferia que não se mostrasse.”

Agora estavam rodeados de SUVs. Três à frente, uma de lado e duas atrás. As três à frente abrandaram e depois abrandaram ainda mais. Não havia como passar. As luzes traseiras ficavam vermelhas e negras, vermelhas e negras, de cada vez que pisavam no travão. Luke olhou para o conta-quilómetros. 60. 55. 50. 45. A descer rapidamente. Estavam encurralados. Não havia maneira de sair dali.

“Estou prestes a fazer uma coisa pouco popular,” Disse Luke. “Até fazia uma votação, mas duvido que alguém votasse na minha ideia.”

“O que é?” Perguntou Brenna.

A próxima inversão aproximava-se.

“Isto,” Disse Luke e girou novamente o volante com força.

A grande Suburban guinou, oscilou sobre um pedaço de estrada rugosa nas faixas no sentido oeste-leste da autoestrada. A viajar para oeste.

Um mar de faróis iluminou-se à sua frente.

“Meu Deus!”

Luke avançou na direção do tráfego. Carregou outra vez no acelerador.

Mergulharam no tráfego com carros a surgirem constantemente.

Um camião passou à sua esquerda. O carro abanou com a deslocação de ar.

“Luke!” Gritou Susan. “Pare!”

A Suburban continuava a acelerar por entre o trânsito. Os carros guinavam. Os faróis quase o cegavam. Não havia tempo para olhar para trás. Olhava em frente com ambas as mãos a segurar no volante com força, a concentração no máximo.

Era uma reta longa e os carros surgiam em manadas. Luke investia no asfalto como um barco a cortar as ondas. Começou a ter aquele sentimento de confiança – a sensação atordoante que associava à toma de Dexies. Tinha que ter cuidado. O excesso de confiança podia ser fatal.

Os carros passavam como mísseis.

“Alguém fez aquela inversão connosco?” Perguntou Luke.

Brenna olhou para trás.

“Não. Ninguém foi suficientemente maluco.”

“Ótimo.”

Luke passou o caminho a desviar-se para a esquerda e saiu da autoestrada na entrada seguinte.

CAPÍTULO 52

2:21

Gabinete do Médico-Legista Principal – Washington, D.C.

Luke viu Ed Newsam encostado à parede do edifício com a espingarda M4 aninhada nos braços.

Era um edifício de quatro andares com a parte da frente envidraçada. Estava situado logo à saída da zona de evacuação de radiação de 800 metros à volta da Casa Branca. As ruas estavam completamente desertas. Parecia que a maior parte das pessoas decidira que 800 metros não era distância suficiente.

Luke parou o carro no passeio em frente do edifício.

“E agora?” Perguntou Susan.

“Agora saem. Fique dentro daquele edifício com o Ed, o Chuck e o Walter. Aconteça o que acontecer, venha quem vier, fique com eles. Fique o mais próxima que puder do Ed. O Chuck e o Walter são muito bons, mas o Ed é uma máquina de matar, ok?”

“Ok.”

“Então vamos ser rápidos.”

Luke saiu do carro. Do radiador saía fumo. Todas as portas estavam tracejadas com buracos de bala. Três dos quatro pneus estavam destruídos. No final de contas, o carro tinha-se aguentado excecionalmente bem. Luke tinha que arranjar um destes.

“Aqueceu um bocado, hã?” Disse Ed.

Luke sorriu. “Devias ter visto.”

Atrás dele, os outros saiam do carro.

“Ed, lembras-te da Presidente, não te lembras?”

“Claro.”

Ed abriu a porta do edifício. Teve que usar o peso do corpo para o conseguir. Entraram na entrada principal. Ashwal estava lá com uma cadeira de rodas. Era um homem escuro, careca, com óculos. Há anos que Luke não o via. Sentado na cadeira de rodas, estava o cadáver de uma mulher loura, amarrado. Tinha vestida uma camisola leve e calças. A pele estava cinzenta e relaxada, mas podia confundir-se com alguém que estivesse a dormir.

“Ashwal,” Disse Luke.

O homem olhou para ele. “Luke.”

Luke apontou na direção de Susan com ambas as mãos. “Ashwal, esta é Susan Hopkins, a Presidente dos Estados Unidos. Está ferida. Preciso que faças um diagnóstico aos ferimentos e a trates com o que tiveres à mão por aqui. Não a podemos levar ao hospital. Estão a tentar matá-la.”

Ashwal olhou para Susan. Lentamente, os olhos ensombraram-se.

“Já não sou médico.”

“Esta noite, és.”

Ashwal anuiu com o rosto severo. “Ok.”

Susan olhava para o cadáver.

“É suposto ser eu?” Perguntou.

“Sim.”

“O que vai fazer com ela?”

Luke encolheu os ombros. “Vou matá-la.”

CAPÍTULO 53

2:30

Ruas de Washington, D.C.

Deviam estar à procura daquele carro. O mais simples era ajudá-los a encontrá-lo.

Luke estava na Suburban, agora sozinho. Tinha com ele a espingarda M1 de Brenna. Estava carregada com munições .30-06. Munições era o que não faltava.

No banco traseiro, no lugar onde Susan se sentara, estava agora o cadáver. O cinto de segurança mantinha o corpo direito. A cabeça sacudia com o movimento do carro.

Luke conduziu lentamente pelas ruas desertas perto do National Mall e do Capitólio. Estava mesmo na fronteira da zona de contaminação de radiação. Algures por aqui, os polícias de D.C. teriam as ruas bloqueadas.

Ali estavam, luzes a cintilar numa rua lateral à sua direita. Passou o cruzamento e depois encostou na curva. Não havia nem carros, nem pessoas.

Os polícias eram um começo, mas aquilo de que Luke precisava era de gente má a sério. Os polícias não sabiam o que se estava a passar. Este carro não teria qualquer significado para eles. Pensou durante um minuto. Tinha-os fintado de tal forma na autoestrada que não faziam a mínima ideia onde ele estava? Não lhe parecia provável.

Ainda tinha o telemóvel com ele. Sabia que era uma estupidez mantê-lo, mas tinha a esperança de receber uma chamada ou mensagem de Becca. Pegou no telefone e olhou para o seu brilho sinistro na escuridão.

“Que se lixe,” Disse e digitou um número.

O telefone de Becca estava desligado. Nem sequer tocou.

“Olá, aqui é a Becca. De momento…”

Desligou. Ficou sentado durante alguns segundos, tentando não pensar em nada. Talvez o encontrassem, talvez não. Se não o encontrassem, então teria que ir ele à procura deles. Fechou os olhos e respirou profundamente. Afundou-se por um momento no lugar do condutor.

De forma gradual, foi-se apercebendo de um som. Era o ruido pesado de um helicóptero de grandes dimensões. Não o assustou. Poderia haver um milhão de razões para que um helicóptero, mesmo um helicóptero militar, estar naquele momento a sobrevoar os céus de Washington, D.C. Endireitou-se e olhou pelo para-brisas. Permitia-lhe ter uma visão ampla avenida à sua frente.

O helicóptero aproximava-se. Voava baixo e voava lentamente. Alguns segundos depois, a forma tornou-se familiar a Luke.

Não podia ser o que ele pensava que era, não aqui no meio da cidade.

Mas era…

… um helicóptero de combate Apache.

“Oh, não.”

Luke meteu uma mudança e carregou no acelerador. Girou o volante para a esquerda e fez uma descomunal inversão no meio da rua.

O helicóptero disparou.

Projéteis de trinta milímetros bombardearam o tejadilho da SUV, destruindo a armadura do carro.

Luke vacilou, mas continuou a guiar. Virou novamente à esquerda, fazendo a curva para a rua lateral. O helicóptero passou atrás dele.

Mais à frente, quatro polícias de turno estavam à frente de uma barreira baixa de cimento. Estavam a olhar para o céu a ser sobrevoado pelo helicóptero. Dois carros de polícia estavam estacionados de ambos os lados com as luzes a cintilar silenciosamente. Luke respirou fundo.

Polícias de verdade. Não podia imaginar um grupo de pessoas a quem se preferisse render agora. A alguns metros de distância, carregou no acelerador. A Suburban ganhou velocidade. Ele acelerou na direção dos polícias.

Os quatro fugiram.

Três segundos mais tarde, atravessou a barreira de cimento, partindo-a ao meio, levando os dois pedaços à frente. Derrapou, fez inversão de marcha e contornou-os.

Atrás dele, os polícias já estavam nas suas viaturas. Segundos mais tarde, ouviu-se a familiar sirene.

Luke virou à esquerda na Independence Avenue. Olhou para o céu à procura do helicóptero. Conseguia ouvi-lo, mas não conseguia vê-lo. A Suburban fumegava com a intensidade dos disparos. Tinha-os subestimado. Um Apache! Iam matar este carro e não queriam saber quem sabia.

Acelerou a Suburban o máximo que conseguiu. Tinha perdido alguma potência e estava abaixo dos 80. Acelerou pela Independence, na parte sul do Mall. A Bacia das Marés estava à sua esquerda. As luzes da rua refletiam-se na água.

Atrás dele, os polícias vinham em força.

O Apache precipitou-se à sua esquerda. Estava a uma altura de quatro andares. Voltou a disparar. As balas atingiram a SUV. Parecia um martelo pneumático. A janela traseira lateral estilhaçou-se, deixando o corpo repleto de vidros.

Luke desviava o carro como louco, o pé ainda a pressionar o acelerador. Mais à frente e à sua esquerda, podia ver o Lincoln Memorial, iluminado na noite.

O helicóptero regressou e começou a lançar os rockets Hydra. Uma linha de rockets foi disparado do lado direito do helicóptero. Três, quatro, cinco.

Mais à frente, a estrada explodiu em sombras de vermelho e amarelo. BOOM… BOOM… BOOOM.

Virou com força à esquerda. A SUV quebrou uma corrente metálica e balançou na relva. Luke balançava de um lado para outro no seu lugar. As mãos seguravam com força o volante. Mal deixou de carregar no acelerador.

Vieram mais rockets. Um iluminou uma fila de cerejeiras. As pequenas encostas explodiram todas à sua volta.

O carro foi atingido diretamente nas traseiras.

Luke sentiu a parte traseira di carro a erguer-se no ar. Abriu a porta e saltou.

Caiu na relva e rebolou para a esquerda. As rodas traseiras do carro oscilaram e o carro continuou a circular na direção da água.

Luke viu a faísca no momento em que outro rocket Hydra foi lançado. Atravessou o ar, penetrou na armadura da SUV e atingiu-a em cheio. As chamas apoderaram-se da SUV antes de explodir.

BOOOOOM.

Luke caiu no chão e cobriu a cabeça enquanto pedaços pesados voavam. Um momento mais tarde, olhou para trás. O carro ainda rolava com chamas vermelhas e laranja como braços a erguerem-se para o céu noturno. Dentro do carro, uma mulher com quarenta e muitos anos ardia, não reclamada, uma pessoa sem nome. Luke conseguia ver a sua silhueta.

O carro, completamente em chamas, rebolou lentamente para a beira da água. A borda da Bacia das Marés era o fim da corrida. Ficou durante alguns segundos suspenso antes de cair completamente. Ardeu mesmo enquanto se afundava.

O helicóptero guinou e foi-se embora. Alguns segundos mais tarde, já era uma sombra escura e distante no céu noturno.

Luke estava deitado na relva a respirar com dificuldade. Um carro da polícia do Capitol District parou atrás dele com a sirene a uivar. Saíram dois polícias, um branco e outro negro. Aproximaram-se dele com lanternas e armas em punho.

“No chão. Braços esticados.”

Luke fez o que o homem disse. Mãos rudes revistaram-no. Puxaram-lhe os braços para trás das costas e algemaram-no.

“Tem o direito de permanecer em silêncio,” Começou o polícia.

Vanusepiirang:
16+
Ilmumiskuupäev Litres'is:
10 september 2019
Objętość:
300 lk 1 illustratsioon
ISBN:
9781632916303
Allalaadimise formaat:
epub, fb2, fb3, ios.epub, mobi, pdf, txt, zip