Brincadeiras Do Mar

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Brincadeiras Do Mar
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Marco Fogliani

ISBN 9788873049432

Tradução de Aderito Francisco Huo

índice

  SERENA A SEREIA

  OSVALDO O PESCADOR

  OS MONSTROS MARINHOS

  PAISAGEM FABULOSA

  NA PRAIA

  A PULSEIRA DESAPARECIDA

  A HISTÓRIA DE JASMIM

  UM FRASCO DE AMOR NO MEIO DO MAR

  A ONDA SALTEADORA

SERENA A SEREIA

Mar sereno, a noite amena e a lua cheia tinham atraido sobre as rochas não apenas Aldo, um bom rapaz dos cabelos vermelhos, mas também outros apaixonados pela pesca. Equipados de cana e equipamento apropriado.

“Estás a pescar?”. Aldo stava alí há algum tempo quando viu-se interrogado.

“Não se nota?”, respondeu secamente naquele momento, sem reparar. Mas depois, vendo quem lhe tinha dirigido a palavra, sorriu e procurou de ser mais gentil.

“Ou pelo menos estou a tentar. Se por ventura queres saber se até agora apanhei algo a resposta é não, não ainda.”

Os dois não se conheciam. Ela tinha os cabelos claros muito compridos – quase até à luz – mas sobretudo luzentes, quase que pareciam seda. Tanto como ao resplendor da lua era difícil distinguir de que cor fossem; mas os olhos sim, entre o celeste e o azul-marinho, e brilhavam como duas pedras preciosas. Parecia uma visão. Talvez estou a sonhar, cismou Aldo consigo mesmo.

“Pescar daquela forma não me parece que requeira grande habilidade ou coragem”, disse ela.

“Pois se o fazes por necessidade, porque estás com fome como ou mais do que eles ...Porque eles mordem o isco porque estão com fome, deverias saber: estão apenas procurando de obter o jantar de hoje, coitadinhos.”

“Não, não o faço por necessidade, mas por lazer. Pescar relaxa-me”. Respondeu ele.

“Estranha maneira que tens para relaxar. Eu para relaxar canto, ou por outra tomo um bom banho e uma boa natação. Melhor ainda com uma maravilhosa lua cheia como esta, e talvez na companhia de um lindo rapaz com os cabelos vermelhos: eu adoro os rapazes com os cabelos vermelhos!”

Pôs-se a cantar, enquanto entrava na água. Tinha uma voz doce e harmoniosa, lindíssima.

Aldo persuadiu-se ainda mais de estar a sonhar.

“Queres tentar se por acaso o vês relaxante tu também?”, disse ela. “E entretanto, peço-te, tiras para fora de água o anzol, para que não tenha que se emaranhar nas minhas pernas.”

Aldo no princípio ficara estático, quase em transe. Mas depois do canto e das palavras da rapariga induziram-no a deixar a cana, ficar de biquini e seguí-la no mar. Não sentia frio, e lhe parecia mover-se lentamente, quase como num sonho. Ela continuava a cantar, e se movia na água como se fosse o seu elemento natural.

“Como é que te chamas?, e onde vives?”, perguntou-lhe.

“Chamo-me Serena. Sou daqui, nasci e cresci aqui, por isso nado tão bem. Pelo contrário tu estás de férias, não é? Não me parece de te ter visto antes.”

“Sim. Vivo na cidade. Mas não me importaria de transferir-me para uma localidade de mar, se me ocorresse a possibilidade. Gosto muito do mar.”

“Agora faço-te ver como deveria ser a pesca na minha óptica.”

Serena mergulhou na água alí mesmo onde se encontrava e permaneceu algum tempo, talvez mais de um minuto. Naquele intervalo Aldo viu antes a superfície do mar a propagar-se, e depois as sombras escuras a lampejar rapidamente no leito/mar. No fim Serena reemergiu na superfície, trazendo em cada uma das duas mãos um peixe, um mais pequeno, e outro mais grande.

“Visto?”, disse. E depois deixou cair de novo os peixes na água. “Habilidade e coragem. Mas é apenas um truque. Porque agora eles devem ir comer, e eu pelo contrário não tenho fome.”

“És realmente magnifica”, exclamou Aldo estupefacto.

“Assim me parece um desafio em igualdade de circunstâncias, justa e divertente. Tu te divertirias se do mar saisse uma corda que te arrastasse para o fundo do mar, só porque algum peixe quer relaxar?”

Aldo não acolheu a provocação, e Serena retomou o canto.

Passou assim na água um tempinho. Uma nuvem densa tinha começado a interpor-se aos raios lunares e a deixar diminuir o escuro, mas não tanto até ao ponto de não distinguir ao de longe, pontual como cada noite, a passagem do grande ferry boat dirigido às ilhas.

“Entardeceu, tenho de voltar para casa.”

“Onde vives? Posso-te acompanhar? Nos vemos amanhã?”, perguntou-lhe Aldo.

“Talvez. Depende ...também das nuvens ...” Serena não disse outra coisa antes de atirar-se de novo na água. E ela era bastante veloz a nadar na água, e estava bastante escuro, para que Aldo conseguisse, como era a sua intenção, de segui-la com o olhar e de perceber para que parte se dirigisse.

Na noite seguinte, ao mesmo horário, Aldo dirigiu-se para o mesmo escolho esperando de encontrar novamente Serena. Levou consigo o equipamento de pesca, mas não o usou. Reparava aqui e alí, esperando que ela chegasse; e queria perceber de que parte viesse, para procurá-la durante o dia. Mas a chegada dela o acolheu novemente de surpresa.

Nas suas costas, de repente, eis o seu canto, como se fosse materializado do nada.

“Pescas também esta noite?”, perguntou-lhe Serena.

“Não”, respondeu ele. É só para ter ocupado o nosso escolho, e distanciar os outros pescadores.”

Sentaram-se reparando a lua. Ele contemplava Serena, que era mais linda que a lua, e escutava o canto dela, um pouco melancólico e numa lingua estrangeira e misteriosa.

“Que lingua é?, lhe perguntou.

“É a lingua dos peixes”, respondeu sorrindo. “Lhes advirto que há pescadores. Dizem que este canto mantenha distante os peixes… mas atrai os rapazes!”

Era verdade, cismou Aldo, que não conseguia tirar os olhos em cima dela como a achava bonita.

Sabe-se lá como ficou. Até que, ao de longe, eis a passar o ferry boat. Aldo imaginava o que teria acontecido. Mas ela:

“já chegou a minha hora de ir. Mas se quiser nos vemos de novo.”

“Sim”, respondeu ele.

Quando ela levantou-se para ir embora, quis levantar-se ele também; mas Serena lho impediu, posando sa suas mãos nos ombros.

“Por favor, não me siga. Hoje não. Nem sequer com o olhar, como fizeste ontem. Posso confiar em ti?”

“Mas…”

“Se quiser um dia levarei-te para minha casa. O que achas?”

Ele acenou um sim com a cabeça.

“Então levarei-te. Mas isto quer dizer que terás de conhecer os meus pais. Estás preparado?”

“como corres, exageradamente”, teria certamente dito Aldo em outras circunstâncias e para uma outra rapariga. E pelo contrário respondeu com naturalidade:

“Certamente. Porque não deveria? Saiba que não tenho medo de nada e de ninguem.”

“Está bem, então fica a minha espera amanhã”. E assim dizendo desapareceu nas suas costas.

No dia seguinte à noite Aldo voltou ao seu acostumado rochedo. Foi como sempre com a intenção de pescar, mas não o fez, esperando a chegada de Serena. Fazia mau tempo, chuvoso, e também uns rapidos chuviscos. O céu e o mar, espaçadamente agitados, eram de um cinzento escuro, e não se via quase nada. Mas a um certo ponto, depois de muito tempo Aldo conseguiu distinguir ao de longe o ferry boat que passava. A hora de regressar, cismou Aldo desconsolado; para aquela noite ela não teria vindo. Para não pensar nela sentou-se e, não obstante a chuva, começou a pescar com a sua cana.

E pelo contrário foi exactamente naquele momento que Serena veio buscá-lo. Uma estranha onda anómala, talvez causada pela passagem do ferry boat mas não justificada pelas boas condições do mar, abateu-se propriamente e somente naquela pequena zona de rochedos onde o rapaz encontrava-se a pescar, e o levou consigo. Um facto meteorológico e natural raro e desusado, breve e repentino, durante o qual, declararam em conformidade os poucos pescadores que assistiram este acontecimento estranho e incrível, o vento pôs-se a soprar, aliás a bramir duma forma estranha, como se estivesse a recitar uma espécie de canto misterioso.

E alguém, entre testemunhas, afirmou também que o rapaz não foi o único a ser arrastado pelo mar, mas que com ele foi também uma rapariga de cabelos compridos claros e luzentes.

Até aqui a lenda. Pois existe os factos, senhor comissário, todos reportados detalhamente nesta pasta de arquivo. E os factos são que, em mais de quinze anos, este é o quarto rapaz engolido pelo mar na mesma zona dos rochedos, quase da mesma forma, ao que parece. Todos por coincidência, com os cabelos vermelhos. E também desta vez as tentativas de encontrar o corpo nas águas circundantes não resultaram absolutamente nada.

OSVALDO O PESCADOR

Encontrei o meu amigo Osvaldo no bar.

 

“Então, Osvaldo, como é que foi depois no outro dia a tua pesca?”, perguntou-lhe.

A última vez que o tinha visto, talvez dez dias antes, estivera no porto enquanto saía para ir pescar com o seu pequeno barco, e lhe tinha desejado boa sorte.

“Pois, bem, obrigado. No princípio não, não mordeu nada de nada durante algum tempo: tanto que pensava no facto de te ter encontrado me tivesse dado azar. Mas depois…!”

“Depois?”

“Pois como de costume tinha ido ao alto mar e tinha desligado o motor; tinha fixado o cabo da linha de pesca no pequeno guincho da âncora, e o outro cabo do fio pescava no mar. Não aconteceu nada durante algum tempo, e estava quase a me enfurecer: agora, como faço nestas situações, coloquei na linha de pesca os meus pequenos guizos que me advertem se algo morde. Mas depois de um instante, terá sido pela briza ou o baloiço anómalo das ondas, tive a sensação de que o barco estava em movimento, quase que estivesse a ser movido por velas; e tu sabes que não tem velas.

A linha de pesca estava tão esticada que me espantei de que não estivesse rota. Era precisamente aquela linha a mover o barco: deveria ter apanhado algo grande, muito grande. Pensei realmente que o anzol estivesse emaranhado num submarino. Creio que não teria conseguido fazer nada se não tivesse usado o guincho – não é por nada equipei-me para pescar daquela forma – e seja como for deu-me muito trabalho para puxá-lo a bordo, e em cada momento temia que o fio se rompesse. Mas no fim aqui está saindo da água, primeiro a cabeça e depois todo o resto: era um peixão mais ou menos deste tamanho.”

Osvaldo, para me fazer ver as dimensões da presa, teve que levantar-se e afastar-se para poder abrir os braços em toda largura.

“Mas olha, exagerado: quanto a mim sonecaste e sonhaste”, lhe disse.

“Não, não, te garanto. Mas a coisa extraordinária, mais que a dimensão do peixe, é que a um certo ponto ouvi uma voz: portanto estava sozinho lá no meio do mar.

Por favor, tira-me esta coisa da boca e atira-me de volta na água. Verás que saberei recompensar-te como deve ser.”

“Podes imaginar como fiquei: um peixe que fala. Nunca tinha-me acontecido uma coisa semelhante!”

“A mim também nunca me aconteceu”, objectei, sempre mais incrédulo.

“E quando lho disse”, surpreso:

Mas como, tu falas?”, ele respondeu-me:

Claro que sim, e falo correntemente cinco linguas de vocês homens. Mas agora peço-te, colocas-me de volta na água.”

Estava quase compadecendo, à vista daquele peixe que esbracejava e se abanava desesperado; mas hesitava.

Mas eu te transformaria num jantar suculento para mais ou menos dez pessoas. Se te deixo escapar, pelo contrário…”

Como ousas dizendo que a minha carne seja boa? E seja como for, se me deixar ir, dou-te a minha palavra de que vou te arranjar muito daquele peixe saboroso não para dez, mas vinte pessoas que poderás convidar na sua mesa. Basta organizar bons cestos nos lados do teu barco, e eu em pouco tempo os encherei. Hoje e durante todo mês ainda por vir.”

Quase que me convencia. Aproximei-me a ele para libertá-lo do anzol; no entanto hesitei ainda.

Quero tirar-te uma boa foto para mostrar como troféu aos meus amigos. Se te liberto ninguem vai acreditar de que seu tenha pescado um peixe tão grande”, lhe disse.

Não vejo nenhum problema fazendo uma foto na tua companhia. Basta que me colocas agora um pouco na água…”

E eu colaborei, deixando-o durante um instante na água sempre preso no anzol. Depois fui buscar a minha máquina fotográfica digital e coloquei-me em posição para um disparo automático. Tirei de novo ao enorme peixe, fui tirar e voltei ao meu lugar, abraçando o peixe esperando o flash da máquina.

Pois, se me deixar ir agora, vou buscar os peixes que te prometi”, disse-me ele.

Generoso eu sou, mas não tolo. Quem me garante que tu não vai escapar logo depois de te libertar do anzol, sem manter a tua promessa? Também porque peixes que falam, prometem e mantem, a palavra de honra creio que não haja alguma pista na história do mundo.”

E assim dizendo libertei-o sim do anzol, mas não antes de o ter amarrado a cauda num outro fio também robusto. E amarrei-o bem forte, por temer que poderia agitar-se ajudando-se com as suas escamas escorregadias, que talvez sofreria pior ainda por esta atadura do que pelo anzol que tinha na boca primeiramente.

Desconfiado que não existe outro. Mas verás que te arrependerás amargamente desta falta de confiança: porque se tu tivesse me libertado completamente, te teria transformado num homem num homem mais rico da nação. Talvez não percebeste que sou um peixe mágico? Ou pensas que qualquer peixe possa falar?

Sim, podes bem dizer que sou desconfiado; mas se na vida tivesse dado crédito a quem fazia promessas extraordinárias como as tuas a esta hora não estaria certamente aqui tranquilo a pescar, mas pobre a pedir esmola por aí. E de todas as maneiras fui de palavra e atendi o seu pedido, visto que tu querias que te libertasse do anzol e te deixar na água. Agora cabe a ti ser de palavra: dentro dum tempo colocarei os cestos nos cantos do barco a tu deves enchê-los.”

Mas não obstante as minhas precauções aquele, uma vez no mar, com um escorregar logo livrou-se da atadura a cauda. Será que vai cumprir, pensei, aclamando comigo mesmo a ideia de voltar para casa com abundante peixe. Mas enganava-me.

Bem te disse que sou um peixe mágico. Mas aquilo que não te disse é que querendo poderei permanecer tranquilamente fora de água o tempo que quiser, e até caminhar e correr.”

E para me fazer ver saltou de novo sobre o meu barco, quase dançando à minha volta como quem me desafiasse de apanhá-lo. Mas depois dum tempo, visto que não colhia a provocação (já estava claro que era realmente mágico, e que quisera apenas pôr-me a prova), atirou-se de novo na água.

Pois sou um peixe de palavra, e manterei o que prometi.”

E de facto em poucos minutos tinha enchido os meus três cestos, todos aqueles que tinha a bordo, um unicamente de moluscos e crustáceos, o outro de peixes grandes e o outro de peixes pequenos;alguns trazendo-os com a boca, e outros que saltavam para dentro sozinhos, mesmo por magia. Tanto que depois tive que passar do mercado do peixe, procurando alguém que me comprasse aquilo que restava às minhas necessidades.”

“Sem delongas”, lhe disse eu.

“É verdade, respondeu-me.” Mas pensando bem creio que uma parte do merito por todo este pescado tenha sido também tua. Desejaste-me boa sorte, e me trouxeste realmente tanta, talvez como nunca a tive. Sei que quando te convido para a pesca dizes sempre não: mas o que achas então de vir jantar comigo, esta noite? Tudo é comigo: talvez tragas tu só uma garrafa de vinho, branco, naturalmente.”

“Porque não, Osvaldo. Conta comigo. É conveniente para ti se marcarmos para as sete e meia?”

“Está bem. Então agora te deixo, porque devo dar um salto no mercao do peixe. Até a noite, então.”

Osvaldo saiu, e eu permaneci com calma terminando o café.

“E tu o que pensas daquilo que contou o meu amigo Osvaldo?”, perguntou ao Vincenzo, o bar man, que naquele momento estava ocupado a lavar algumas chávenas.

“Achas que haja mesmo algo racionalmente credível em tudo aquilo que disse?”

“Desculpa, não ouvi perfeitamente o que disse”, respondeu-me ele sem delongas.

“Petas. Todas petas de pescadores”, continuei eu. “Questiono-me porquê todos os pescadores são todos assim, pelo menos aqueles que conheço: fantasistas e exagerados. Talvez estar fora durante a noite, saltar os ritmos naturais do sono e da luz lhes cria estas piadas, sabe-se lá.”

Paguei-lhe o meu café e saí.

“Eh, um momento. Estás a esquecer algo aqui em cima do balcão. Talvez seja o teu amigo que esqueceu. Como é que se chama?

“Osvaldo”, respondi-lhe. Eu não trazia nada comigo. Verifiquei se por acaso fosse coisa de Osvaldo. De facto havia duas facturas do mercado do peixe, e havia em cima o seu nome como vendedor. Pois havia uma outra coisa que não percebia o que seria, e… isto o que é? Uma foto. Feita de noite, com flash. Trazia no braço um peixe gigantesco, quase mais grande que ele. E, parece estranho dizendo, tal grande peixe parecia propriamente que estivesse a sorrir.

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