O Regresso

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Astronave Theos - Órbita De Júpiter

O pequeno, mas extremamente confortável, módulo esférico de transferência interna estava correndo a uma velocidade média de cerca de 10 m / s, o duto número três, levaria Azakis até a entrada do compartimento, onde o seu companheiro Petri o esperava.

A Theos, também de forma esférica, com um diâmetro de noventa e seis metros, equipada com dezoito condutas tubulares, cada uma com pouco mais de trezentos metros, como meridianos, construídos com dez graus de distância uns dos outros e cobrindo toda a circunferência. Cada um dos vinte e três níveis, com quatro metros de altura, exceto para o hangar central (décimo primeiro nível) que media o dobros, eram facilmente acessíveis graças às "paradas" que cada conduta tinha em cada andar. Na prática, para ir dos dois pontos mais distantes do navio, pode-se empregar um máximo de quinze segundos.

A freagem foi quase imperceptível. A porta se abriu com um leve chiado e atrás dela apareceu Petri, parado com as pernas abertas e os braços cruzados.

"São horas que espero", disse com tom decididamente pouco convindo. "Você já terminou com os filtros de ar entupindo eles com aquela porcaria fedorenta que você sempre carrega?" A alusão ao charuto era ligeiramente velada.

Indiferente a provocação, com um sorriso, Azakis pega do cinto o analisador portátil e o ativa com um gesto do polegar.

"Segure isso e vamos logo", disse, passando o aparelho com uma das mãos, enquanto com a outra tentava colocar o sensor dentro da junta a sua direita. "Chegada prevista em aproximadamente 58 horas e estou um tantinho preocupado."

"Por quê?" Petri perguntou ingenuamente.

"Não sei. Tenho a sensação de que vamos ter uma grande surpresa desagradável. "

A ferramenta que Petri tinha em mão começou a emitir uma série de sons em diferentes frequências. Ele olhava o aparelho em ter ideia do que estivesse indicando. Olhou em direção ao amigo à procura de algum sinal, mas não viu nenhum. Azakis, movendo-se com muito cuidado, apontou o sensor na outra união. Uma nova série de sons ininteligíveis saiu do analisador. Depois, silêncio. Azakis pegou o instrumento da mão do seu companheiro, olhou atentamente para os resultados, em seguida, sorriu.

"Tudo bem. Podemos prosseguir. "

Só então Petri percebeu que prendia a respiração. Jogou fora todo o ar e imediatamente sentiu uma sensação de relaxamento. Uma falha, por menor que seja, de uma dessas articulações poderia acabar com a missão, obrigando-os a voltar o mais rápido possível. Seria a última coisa que desejaria. Estavam tão perto.

"Vou tomar um banho", disse Petri tentando sacudir um pouco da poeira. "A visita a um conduto é sempre assim...", e acrescentou, franzindo o lábio superior "instrutiva!"

Azakis sorriu. "Vejo você no ponte de comando."

Petri chamou o módulo e, um segundo depois, se foi.

O Sistema Central anunciou que a órbita de Júpiter tinha sido superada sem problemas e que eles estavam indo sem problemas em direção à Terra. Com um leve mas rápido movimento dos olhos para a direita, Azakis pediu ao seu O ^ OCM mostrar a rota novamente. O ponto azul que se movia na linha vermelha, agora tinha se movido um pouco mais perto da órbita de Marte. A contagem regressiva, Indicava o tempo estimado de chegada em 58 horas exatas e a velocidade da nave em 3.000 km / s. Estava cada vez mais nervoso. Por outro lado, aquela em que estava viajando, era a primeira astronave equipada com os novos motores Bousen, Completamente diferentes das concepções anteriores. Os projetistas afirmavam que seriam capazes de impulsionar a aeronave a uma velocidade perto da um décimo daquela da luz. Ele ainda não se atrevia a ir tão longe. Para o momento, 3.000 km/s, pareciam mais do que suficiente para uma viagem inaugural.

Dos cinquenta e seis membros da tripulação que normalmente teriam de ser acomodados a bordo da Theos nessa primeira missão, tinha sido selecionados somente oito, incluindo Petri e Azakis. As razões dadas pelos Anciões não foram muito exaustivas. Limitaram as explicações com a sentença, que dada a natureza da viagem e o destino, poderiam encontrar muitas dificuldades e que, portanto, seria melhor não colocar em risco muitas vidas desnecessariamente.

Então nós seriamos sacrificáveis? Que género de conversa. Era sempre assim. Quando tinha que arriscar a pele quem ia na frente? Azakis e Petri.

Afinal de contas, a propensão deles para a aventura e também a notável capacidade de resolver situações "complicadas", resultaram em uma série de benefícios nada maus.

Azakis vivia em uma casa enorme na linda cidade de Saaran localizada ao sul do continente, que tinha sido usada até recentemente, como um depósito pelos artesãos da cidade. Ele, graças aos "benefícios", tinha conseguido a posse e a permissão para alterá-lo à vontade.

A parede sul tinha sido completamente substituída por um campo de força semelhante ao utilizado na sua nave espacial, de modo a permitir-lhe ver, diretamente da sua inseparável poltrona auto maleável, a maravilhosa baía. Em caso de necessidade toda a parede poderia ser transformada num sistema tridimensional gigante, onde poder ser exibidos simultaneamente até doze transmissões simultâneas da rede. Mais de uma vez, este sofisticado sistema de controle e gestão, tinha lhe permitido obter informações decisivas muito em antecipo, permitindo-lhes assim resolver com sucesso até crises de grande importância. Ele não saberia renunciar.

Uma parte do ex-depósito estava reservada para a sua coleção de souvenir recuperados em todas as suas missões, realizadas nos anos por todo o espaço. Cada um deles lembrava de algo especial e cada vez que ele estava no meio daquela confusão absurda de objetos estranhos, não poderia deixar de agradecer a sua boa sorte, e acima de tudo, seu fiel amigo, que, mais de uma vez, tinha salvado a sua vida.

Petri ao contrário, embora sempre se destacasse brilhantemente em seus estudos, não era um amante da tecnologia de punta. Embora fosse capaz de dirigir com facilidade praticamente todos os tipos de veículos em circulação, conhecer perfeitamente a cada modelo de arma e todos os sistemas de comunicação locais e interplanetária, preferia, muitas vezes, confiar em seus instintos e nas suas habilidades manuais para resolver os problemas que apresentavam. Mais de uma vez, diante de seus olhos, viu ele transformar em pouquíssimo tempo, um amontoado informe de sucata de metal em um meio de transporte ou uma incrível arma de defesa. Poderia construir qualquer coisa que precisasse. Certamente em parte era devido à hereditariedade transmitida pelo seu pai, um hábil artesão, mas acima de tudo, à sua grande paixão pelas artes. Desde jovem, na verdade, se encantava com as habilidades manuais dos artesãos que conseguiam transformar a matéria impotente em algo de muito útil e tecnológico, deixando intacta dentro deles "a beleza".

Um som desagradável, intermitente e alto, o surpreendeu, trazendo-o de volta à realidade imediatamente. O alarme de proximidade automática soou de repente.

Nassíria - O Hotel

O hotel não era certamente um 'cinco estrelas', mas para ela que estava acostumada a passar semanas em uma tenda no deserto, até mesmo o chuveiro poderia ser considerado um luxo. Elisa deixou a água quente e regeneradora cair massageando pescoço e ombros. Seu corpo parecia gostar muito, porque toda uma série de agradáveis arrepios passou várias vezes pela suas costas.

Você só percebe o quão importante algumas coisas são, quando as perde.

Somente dez minutos mais tarde, ela decidiu sair do chuveiro. O vapor tinha embaçado o espelho que estava pendurado visivelmente torto. Tentou endireitá-lo, mas assim que ela soltava, voltava à sua posição original desequilibrada. Preferiu ignorá-lo. Com uma aba da toalha secou uma gota d'agua que permanecia sobre ele e se admirou. Quando mais jovem, que tinha sido repetidamente contactada para trabalhar como modelo e até mesmo como atriz. Talvez agora poderia ser uma estrela de cinema ou a esposa de um rico jogador de futebol, mas o dinheiro nunca a tinha atraído muito. Preferia suar, comer poeira, estudar textos antigos e visitar lugares remotos. A aventura sempre esteve no seu sangue e a emoção que sentia ao descobrir um artefato antigo, o desenterrar dos restos de milhares de anos, não poderia ser comparado a nenhuma outra coisa.

Ela se aproximou do espelho, demais, e viu aquelas malditas rugas finas nas laterais dos olhos. A mão foi automaticamente dentro da necessarie do qual tirou um desses cremes que 'tiram dez anos em uma semana'. Com cuidado passou por todo o rosto e se olhou atentamente. O que queria, um milagre? Além disso, o efeito seria visível somente após 'sete dias'. Ela sorriu para si mesma e para todas as mulheres que foram facilmente enganadas pela publicidade.

O relógio na parede acima da cama marcava 19:40. Nunca iria conseguir se preparar em apenas vinte minutos.

Secou-se o mais rápido possível, deixando o cabelo loiro ligeiramente molhado, e ficou na frente do guarda-roupa de madeira escura, onde guardava as pocas roupas elegantes que tinha conseguido levar consigo. Em outros momentos, ela poderia passar horas para decidir o vestido para a ocasião, mas, naquela noite, a escolha era muito limitada. Optou, sem pensar muito, o vestido preto curto. Muito bonito, muito sexy, mas não vulgar, com um decote generoso que certamente exaltaria os generosos seios. Pegou e, com um elegante movimento, jogou o vestido na cama.

 

19:50. Apesar de ser mulher detestava se atrasar.

Ela olhou pela janela e viu um carro escuro, incrivelmente brilhante, exatamente em frente à porta do hotel. Aquele que deveria ser o motorista, um rapaz vestido com roupas militares, estava encostado no capô enganando a espera calmamente fumando um cigarro.

Usou lápis e rímel para exaltar os olhos, passou rapidamente batom nos lábios e como tentou distribuí-lo uniformemente com uma série de beijos no ar, colocou seus brincos favoritos, não sem dificuldade em encontrar os 'buracos'.

Na verdade, fazia muito tempo que não saia à noite. O trabalho fazia ela estar sempre viajando ao redor do mundo e nunca foi capaz de encontrar uma pessoa para um relacionamento estável, que durasse mais do que poucos meses. O instinto maternal inato que toda mulher e que ela habilmente fazia questão de ignorar, agora, com a aproximação da maturidade biológica, se fazia presente sempre mais. Talvez fosse hora de pensar seriamente sobre começar uma família.

Abandou o mais rápido possível esse pensamento. Colocou o vestido, calçou o único par de sapatos de salto alto de doze centímetros que tinha trazido, e com gestos largos, jogou em ambos os lados do pescoço o seu perfume favorito. Xale de seda, grande bolsa preta. Estava pronta. Última olhada na frente do espelho perto da porta, confirmou a perfeição de seu vestuário. Deu a volta sobre si mesma e saiu com um ar satisfeito.

O jovem motorista, depois de ter colocado no lugar o queixo, que havia caído pela visão de Elisa quando saiu do hotel, jogou o segundo cigarro que tinha acabado de acender e correu para abrir a porta do carro.

"Boa noite, Doutora Hunter. Podemos partir?" perguntou com voz hesitante o militar.

"Boa noite", disse ela, testando o seu maravilhoso sorriso. "Vamos."

"Obrigada pela passagem", acrescentou enquanto entrava no carro, sabendo muito bem que a saia subiria ligeiramente e teria parcialmente mostrado as pernas ao militar envergonhado. Ela sempre gostou de se sentir admirada.

Astronave Theos - Alarme De Proximidade

O sistema O ^ OCM materializou imediatamente à frente de Azakis, um objeto estranho cujos contornos, dada a baixa resolução obtidas pela visão de longo alcance que o levavam, ainda não eram bem definidas. Certamente estava se movendo e andava em direção deles. O sistema de aviso de proximidade, avaliou a probabilidade de impacto entre o Theos e o objeto desconhecido, maior de 96%, se ninguém mudasse a própria rota.

Azakis rapidamente entrou no módulo de transferência mais próximo. "Sala de controle" ordenou ao sistema automatizado.

Depois de cinco segundos, a porta se abriu assobiando e a grande tela central da sala de controle mostrava, ainda muito turva, o objeto que estava se movendo em rota de colisão com a nave.

Quase simultaneamente, outra porta perto dele se abriu e Petri saiu afanado.

“O que diabos está acontecendo?” perguntou o seu amigo: "Não deveriam ter meteoritos nesta área", exclamou com espanto olhando para a grande tela.

"Eu não acho que seja um meteorito."

"E se não é um meteorito, então o que é que é?" Petri perguntou, visivelmente preocupado.

"Se não corrigimos imediatamente a rota, vai poder ver diretamente com seus olhos, quando nos encontramos com ele dentro do painel de comando."

Petri imediatamente mexeu nos controlos de navegação e ajustou uma ligeira variação da trajetória daquela previamente predeterminada.

"Impacto em 90 segundos.", comunicou sem emoção, a voz feminina do sistema de aviso. "Distância do objeto: 276.000 km, em aproximação."

"Petri faz alguma coisa e rápido!" gritou Azakis.

"Eu já estou fazendo, mas essa coisa se move muito rápido."

A estimativa da probabilidade de impacto, visível na tela no lado direito do objeto, estava diminuindo lentamente. 90%, 86%, 82%.

"Não vamos conseguir", disse com um fio de voz Azakis.

"Meu amigo, ainda não inventaram um 'objeto misterioso' que possa esmagar a minha nave", disse Petri com um sorriso diabólico.

Com uma manobra que fez perder a ambos, por um momento, o equilíbrio, Petri impostou os dois motores Bousen uma inversão de polaridade instantânea. A nave espacial tremeu por longos momentos e apenas o sistema de gravidade artificial refinado, assegurando uma compensação imediata na variação, impediu que toda a tripulação acabasse esmagada na parede na frente deles.

"Ótimo trabalho" disse Azakis dando um tapinha vigorosa no ombro do amigo. "Mas agora, como você vai parar a rotação?" Os objetos na sala já tinham começado a subir e a girar dando voltas no ambiente.

"Só um minuto", disse Petri pressionando botões e mexendo com os controles.

"Basta só..." Uma série de gotas de suor escorria lentamente da sua testa. "abrir a...", continuou ele, enquanto tudo o que estava na sala voava incontrolavelmente. Até os dois começaram a se alçar do chão. O sistema de gravidade artificial já não podia compensar a imensa força centrífuga gerada. Eles estavam sempre mais leves.

"a... a porta... três!" gritou Petri no final, enquanto todos os objetos caíram no piso. Uma grande caixa pesada, atingiu Azakis exatamente entre a terceira e quarta costela, forçando-o a emitir um gemido maçante. Petri, a partir da altura de meio metro de onde foi pairar, caiu sob o painel de instrumentos, em uma posição por nada natural e decididamente ridícula.

A estimativa do impacto tinha caído para 18% e continuou a diminuir rapidamente.

"Tudo Bem?" logo perguntou Azakis, tentando esconder a dor no lado atingido.

"Sim, sim. Eu estou bem, estou bem", disse Petri tentando se levantar.

Um momento depois Azakis estava chamando o resto da tripulação que prontamente comunicava ao seu comandante a ausência de danos a pessoas e bens.

A manobra apenas executada, tinha desviado um pouco a Theos da rota anterior e a depressão causada pela abertura da porta tinha sido imediatamente compensada pelo sistema automatizado.

6%, 4%, 2%.

"distância do objeto: 60.000 km" Anunciou a voz.

Ambos estavam segurando a respiração, esperando de chegar à distância de 50.000 km na qual seria acionados os sensores de curto alcance. Esses momentos pareciam intermináveis.

"Distância do objeto: 50.000 Km. Sensores de curto alcance: ativos."

A figura borrada na frente deles, de repente ficou nítida. O objeto apareceu na tela, tornando visível cada detalhe. Os dois amigos se olharam, espantados, olhos nos olhos.

"Inacreditável!" exclamaram em uníssono.

Nassíria - Restaurante Masgouf

O Coronel Hudson caminhava nervoso, ao longo da diagonal do corredor em frente da sala principal do restaurante. Olhava, praticamente a cada minuto, o relógio tático que sempre mantinha no seu pulso esquerdo e que nunca tirava, mesmo para dormir. Ele estava tão entusiasmado como um adolescente em seu primeiro encontro.

Para matar o tempo, pediu um Martini com gelo e uma fatia de limão ao bartender bigodudo que, embaixo de sobrancelhas grossas, observava com curiosidade, enquanto ociosamente limpava uma série de copos.

O álcool, obviamente, não era permitido nos países islâmicos, mas, para essa noite, tinha feito uma exceção. O pequeno restaurante foi totalmente reservado somente para os dois.

O Coronel, logo após fechar a conversa com a Dra. Hunter, tinha imediatamente entrado em contato com o proprietário do restaurante, especificamente pedindo o prato especial Masgouf, do qual o restaurante tinha pego o nome. Dada a dificuldade em encontrar o ingrediente principal, o esturjão do rio Tigre, queria ter certeza de que o local pudesse servir. Além disso, sabendo que precisa de pelo menos duas horas para prepará-lo, queria que tudo fosse cozinhado sem pressa e com a perfeição absoluta.

Para a noite, como o uniforme mimético certamente não seria adaptado à situação, decidiu tirar fora o seu terno escuro Valentino, combinado com uma gravata de seda Regimental com listras cinzas e brancas. Os sapatos pretos são engraxados como só um militar, sempre italianos. Claro, o relógio tático não tinha nada a ver, mas nunca poderia ficar sem ele.

"Chegaram." A voz saiu crepitante do receptor, parecido com um telefone celular, que mantinha no bolso interno do terno. Desligou o aparelho e olhou através da porta de vidro.

O grande carro escuro desviou de um saquinho amassado, levado pela ligeira brisa da noite rolava preguiçosamente na rua. Com uma manobra rápida parou em frente da entrada do restaurante. O motorista deixou a poeira abaixar, em seguida, cautelosamente saiu do carro. Do fone de ouvido escondido na sua orelha direita, vieram uma série de 'tudo libero'. Ele olhou atentamente em todas as posições anteriormente predefinidos até estar certo de que tinha identificado todos os seus homens que, em uniforme de combate, cuidariam da segurança dos dois comensais durante todo o jantar.

A área era segura.

Abriu a porta traseira e, gentilmente estendendo a sua mão direita, ajudou a convidada a descer do automóvel.

Elisa agradeceu o militar pelo gesto gentil, saiu suavemente do carro. Ela olhou para cima e encheu os pulmões do ar limpo da noite clara, se deu um momento para contemplar o magnífico espetáculo que só o céu estrelado do deserto sabia encenar.

O Coronel ficou por um momento indeciso se ir ao seu encontro ou ficar dentro da sala esperando a sua entrada. No final, escolheu sentar na esperança de melhor mascarar a sua agitação. Em seguida, fingindo indiferença, se aproximou do balcão, sentou num banco, descansou o cotovelo esquerdo na madeira escura, balançou um pouco o licor em seu copo e parou para observar a semente do limão se depositar lentamente no fundo.

A porta se abriu com um leve chiado e o motorista militar se inclinou para verificar se tudo estava em ordem. O Coronel deu um leve aceno de cabeça e o militar acompanhou Elisa ao interno, fazendo ela passar com um grande movimento da mão.

"Boa noite, Dra. Hunter", disse o Coronel, levantando-se do banco e mostrando o seu melhor sorriso. "A viagem foi confortável?"

"Boa noite, Coronel," Elisa respondeu com um sorriso deslumbrante "Tudo bem, obrigada. O motorista foi muito gentil."

"Você pode ir, obrigado", disse com voz autoritária o Coronel, ao soldado que o saudou, virou-se e desapareceu na noite.

"Uma bebida, doutora?" perguntou o Coronel, chamando com um aceno de sua mão o barman bigodudo.

"O mesmo que o senhor," Elisa respondeu imediatamente, apontando para o copo de Martini que o Coronel ainda estava segurando. Então, ela acrescentou, "Pode me chamar de Elisa, Coronel, se prefere."

"Perfeito. E você pode me chamar Jack. 'Coronel' vamos deixar para os meus soldados. "

É um bom começo, pensou o Coronel.

O barman preparou cuidadosamente o segundo martini e entregou à recém-chegada. Ela se aproximou o próprio copo ao do Coronel e brindou.

"Saúde" exclamou alegremente e deu um grande gole.

"Elisa, eu tenho que dizer que esta noite você está realmente maravilhosa", disse o Coronel passando os olhos da cabeça aos pés da sua convidada.

"Você também não está nada mal. O uniforme pode até ter o seu charme, mas eu prefiro você assim" disse sorrindo maliciosamente e inclinando a cabeça ligeiramente para um lado.

Jack, um pouco sem jeito, voltou a sua atenção para o conteúdo do copo que tinha em mão. Ele o observou por um momento, então engoliu em um gole.

"Que tal se nós vamos para a mesa?"

"Boa ideia", disse Elisa. "Estou morrendo de fome."

"Eu fiz preparar a especialidade da casa. Espero que você goste."

"Não me diga que você conseguiu que cozinhassem o Masgouf!" Ela exclamou com espanto, abrindo os belos olhos verdes. "É quase impossível encontrar o esturjão do Tigre nessa época do ano."

"Para uma companhia como a sua não podia que exigir melhor", disse satisfeito o Coronel, vendo que sua escolha parecia ter sido muito apreciada. Ele gentilmente estendeu a mão direita e convidou a doutora a segui-lo. Ela, sorrindo maliciosamente, apertou a sua mão e se deixou acompanhar à mesa.

 

O local era decorado no estilo típico local. Luz quente e suave, grandes cortinas em quase todas as paredes descendo do teto. Um grande tapete com desenhos Eslimi e Toranjdar, cobria quase todo o chão, enquanto alguns menores foram colocados nos cantos da sala, para enquadrar o tudo. É claro, a tradição queria que a refeição fosse consumida sentados no chão em travesseiros agradáveis e macios, mas, como bom ocidental, o Coronel tinha preferido uma mesa 'clássica'. Essa foi cuidadosamente preparada e as cores escolhidas para a toalha eram perfeitamente compatíveis com o resto da sala. Um fundo musical onde uma Darbuka9 acompanhava a batida Maqsum10 a melodia de um Oud11 , gentilmente preenchia toda a sala.

Uma noite perfeita.

Um garçom alto e magro se aproximou e educadamente, com uma reverência, convidou os dois convidados para se sentar. O Coronel fez Elisa se acomodar e a ajudou com a cadeira, em seguida, sentou-se na sua frente, tomando cuidado para não fazer a gravata cair dentro do prato.

"É realmente lindo aqui", disse Elisa, olhando ao redor.

"Obrigado", disse o Coronel. "Devo confessar que temia a sua opinião. Então eu pensei sobre sua paixão por esses lugares e pensei que poderia ser a melhor escolha."

"Acertou em cheio!" Elisa exclamou mostrando mais uma vez o seu maravilhoso sorriso.

O garçom abriu uma garrafa de champanhe e, enquanto enchia os copos de ambos, um outro se aproximou com uma bandeja na mão, dizendo: "Para começar, por favor, aceite um Most-o-bademjan.12 "

Os dois comensais pareciam satisfeitos, pegaram os dois cálices e beberam novamente.

A cerca de uma centena de metros do local, dois tipos estranhos em um carro escuro mexiam em um sofisticado sistema de vigilância.

"Você viu como o Coronel mima a donzela?" disse sorrindo um decididamente obeso, que estava no banco do motorista, enquanto mordia um enorme sanduíche e se enchia de migalhas barriga e calças.

"Foi uma ideia genial colocar um emissor no brinco da doutora" respondeu o outro, muito mais magro, com os olhos grandes e escuros, que bebia café da um copo grande de papel marrom. "A partir daqui podemos perfeitamente ouvir tudo o que eles dizem."

"Olha, para não criar problemas e registra de tudo", avisou, "caso contrário, vão nos fazer pagar por esses brincos."

"Não precisa se preocupar. Eu conheço muito bem esse aparelho. Não vai escapar mesmo um sussurro."

"Devemos que descobrir o que realmente descobriu a doutora", acrescentou o gordo. "Nosso líder tem investido muito dinheiro para seguir secretamente esta investigação."

"Não deve ter sido fácil vista a forte estrutura de segurança que o Coronel preparou." O homem magro olhou para o céu com cara de sonhador e acrescentou: "Se tivessem dado a mim um milésimo de todo aquele dinheiro, agora eu estaria deitado sob uma palmeira em Cuba, tendo como única preocupação a de escolher entre uma Margarita ou uma Piña Colada."

"E talvez com um monte de garotas em biquíni que passam o filtro solar em você", disse o gordo, caindo na gargalhada, enquanto o movimento da barriga fazia cair no chão parte das migalhas.

"Este aperitivo é delicioso." A voz da doutora saiu ligeiramente distorcida pelo pequeno alto-falante no painel. "Devo confessar que eu não esperava encontrar por trás dessa fachada de militar rude, um homem tão refinado."

"Bem, obrigado Elisa. Eu também não esperava que atrás de uma doutora tão altamente qualificada, além de muito bonita, tivesse também uma mulher muito gentil e agradável" disse a voz do Coronel, sempre um pouco distorcida, mas com um volume ligeiramente inferior.

"Olha como eles flertam", disse o homão no banco do motorista. "Eu acho que eles vão acabar na cama."

"Eu não tenho tanta certeza", afirmou outro. "A nossa doutora é muito, muito inteligente e não acho que um jantar e alguns elogios decadentes podem ser suficientes para fazê-la cair em seus braços."

"Dez dólares que ela não passa dessa noite", disse o homem gordo estendendo a mão direita para o colega.

"Ok, aceito", exclamou o outro apertando a mão grande.